Politica: Por Vicente Santos
Uma megaoperação policial nos últimos dias chocou o Brasil ao resultar em 121 ou 130 mortes de supostos membros do crime organizado, além de quatro policiais abatidos no confronto. A ação, batizada como uma das maiores da história recente do estado, expõe novamente a crônica violência que assola o Rio, onde facções como o Comando Vermelho mantêm controle territorial apesar dos esforços das forças de segurança. Como cantava Renato Russo em “Índios”, “a culpa é de quem? Causa e consequência para quem?”. Nessa barbárie, inocentes são raros, e o vermelho que domina as favelas não evoca paixão, mas desespero e sangue.
A população carioca, presa no fogo cruzado, vive dias de terror constante. Enquanto as balas voam, as facções se regeneram no recrutamento de jovens periféricos, perpetuando um ciclo vicioso alimentado por desigualdades sociais e falhas estruturais. Onde estão os pensadores e líderes políticos capazes de propor alternativas não letais, como investimentos em educação, emprego e inteligência preventiva? Em vez disso, o debate público se resume a uma briga de egos entre autoridades federais, estaduais e municipais, numa disputa para coroar o “melhor dos melhores” em eficiência repressiva.
Essa tragédia não é isolada: reflete anos de políticas paliativas, desde as UPPs fracassadas no governo Sérgio Cabral até as intervenções federais sob Michel Temer. O atual governador Cláudio Castro (PL) e o presidente Lula (PT) trocam acusações, mas faltam ações concretas para desmantelar as raízes do narcotráfico, como a corrupção policial e a pobreza que impulsiona o alistamento forçado. No fim, quem paga a conta são os cidadãos comuns, que em 2026 terão de votar em meio a esse caos, com a política fluminense parecida refém de milícias e interesses escusos. Com apenas R$ 100 no bolso e a imagem dos “ceifadores” gravada na memória, o eleitor carioca clama por mudança real, não por mais fotos de operações sangrentas.
É hora de a classe política abandonar o espetáculo da violência e investir em um pacto nacional pela segurança humana. Caso contrário, o Rio lindo continuará sangrando, e a culpa – como sempre – será de todos, menos dos que mais importam: o povo








