Educar é muito mais que repassar lições e teorias em uma sala. No início do século passado, enfrentando enormes dificuldades, o professorado procurava melhorar o nível do ensino primário em um ambiente bem diferente do que hoje é oferecido pela rede pública. Alguns professores, no entanto, iam muito além, dedicando-se aos alunos como se fossem filhos seus. Muitos fizeram isso, mas, na impossibilidade de citar a todos, vamos representá-los através de alguns nomes.
Outros tempos, outros costumes, hábitos e, naturalmente, outros valores estabelecidos pela sociedade. Não se pode dizer que a sociedade era melhor ou pior, apenas que estava modelada de acordo com os padrões da época e, por isso mesmo, talvez houvesse exemplos de abnegação e altruísmo, até mesmo pela imperiosa necessidade de atender a uma grande faixa da população.
No campo da educação, fundamental para o crescimento da cidadania e da nação, algumas pessoas cumpriram importante jornada de vida em Feira de Santana, com reconhecimento expresso. Todavia, outros ainda estão a merecê-lo.
O ensino primário — indispensável aos jovens como degrau básico na escada da formação intelectual — muitas vezes não era alcançado por inúmeros fatores comuns então, e tão bem conhecidos que são dispensáveis de citação aqui. Em contrapartida, havia professores que tinham a educação como um bem inalienável do ser humano e se destinavam a promovê-la, independentemente de ganho financeiro, até mesmo exaurindo-se do pouco disponível em favor de crianças que não tinham acesso a uma sala de aula.
Em Feira de Santana, foram vários os exemplos de professores extremosos que foram muito além das suas obrigações docentes. No entanto, até por falta de registros, torna-se impossível uma citação genérica. Através de alguns deles fica aqui o reconhecimento. Geminiano Costa, um dedicado professor primário, está nessa galeria de ilustres personalidades do magistério.
Cunhado do monsenhor Tertuliano Carneiro da Silva, que foi vigário da Paróquia de Sant’Ana, Geminiano Costa, que exercia o cargo de professor primário com diletantismo nas décadas iniciais do século passado, implantou uma escola na qual recebia alunos oriundos de famílias carentes e os preparava no dia a dia sem qualquer custo, ainda os ajudando. Em um tênue reconhecimento, anos após, a Câmara Municipal nominou Rua Professor Geminiano Costa à via pública onde estão instalados o Museu de Arte Contemporânea Raimundo Oliveira e a Biblioteca Municipal Arnold Silva.
Leonídio Joaquim Rocha foi outro professor com letras maiúsculas. Nascido em Salvador, em 5 de maio de 1884, radicou-se em Feira de Santana e, além do ensino, foi poeta, ensaísta, dramaturgo, escreveu romances e novelas. Professor Leonídio Rocha nomina uma rua entre a Rua Barão de Cotegipe e a Praça Tiradentes (em frente ao Instituto Gastão Guimarães). Não menos importante foi o trabalho da professora Edna Laureana Oliveira, natural de Porto Seguro, que, aqui chegando em 1940, deu ares diferentes à educação primária.
De invulgar dinamismo, além da sala de aula, ela deu formação desportiva a muitos jovens, realizando o primeiro campeonato de futebol juvenil — ou infantojuvenil — de que se tem notícia na Bahia, com garotos de até 14 anos, alunos da escola ou não. Fundou o Grupo de Escoteiros General Osório, pioneiro na cidade, e a Escola General Osório, na Usina de Algodão, ao lado das oficinas da Empresa Santana, depois relocada para o início da Rua Castro Alves e que, recentemente, após grande reforma e modernização, teve o nome original — General Osório — suprimido e substituído.
Maria Antônia Costa foi outra dedicada mestra que colocou a educação acima de tudo. Nascida em São Gonçalo dos Campos, veio para esta cidade e fundou a Escola Nossa Senhora de Nazaré no ABC (Avenida Sampaio). Também residiu no ABC, onde adotou vários filhos, dentre eles o advogado José Falcão da Silva, que foi prefeito de Feira de Santana. Maria Antônia criou uma escola dentro da Cadeia Municipal, na Rua Visconde do Rio Branco, hoje prédio da Câmara de Vereadores.
Geminiano Costa, Leonídio Rocha, Edna Laureana e Maria Antônia são nomes que, ao lado de muitos outros, dignificaram a educação básica na Cidade Princesa.
Por Zadir Marques Porto
Matéria do site Oficial da Prefeitura de Feira de Santana
