Entre 2013 e 2024, o número de casos de câncer diagnosticados em jovens adultos de até 50 anos de idade aumentou impressionantes 284% no Sistema Único de Saúde (SUS). O dado, que vem alarmando especialistas da área de saúde pública, revela uma tendência preocupante: o câncer deixou de ser, cada vez mais, uma doença restrita à população idosa.
De acordo com os registros do Ministério da Saúde, o crescimento foi observado em diferentes tipos de câncer, com destaque para tumores no intestino, mama, tireoide, próstata e colo do útero. Especialistas apontam que fatores como estilo de vida, alimentação, sedentarismo, obesidade, além de questões genéticas e ambientais, estão contribuindo para esse cenário.
“Estamos vendo uma mudança no perfil epidemiológico da doença. O câncer está atingindo uma faixa etária produtiva e, muitas vezes, sem fatores de risco evidentes”, afirma a oncologista clínica Dra. Mariana Souza, do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Jovens adoecem mais, mas diagnóstico ainda é tardio
Apesar do aumento nos casos, o diagnóstico precoce ainda é um dos principais desafios. Isso porque, tradicionalmente, médicos e pacientes não associam sintomas suspeitos à possibilidade de câncer em pessoas mais jovens. Como resultado, muitos tumores são identificados em estágios avançados, reduzindo as chances de cura.
A demora no diagnóstico também pressiona o sistema de saúde, já que tratamentos mais longos e complexos exigem mais recursos do SUS. “O câncer em estágios avançados gera maiores custos e sofrimento para o paciente. Por isso, é essencial reforçar campanhas de conscientização, inclusive para essa faixa etária”, destaca Dra. Mariana.
Dados preocupantes e a necessidade de políticas públicas
O crescimento de 284% em pouco mais de 10 anos reforça a urgência de políticas públicas específicas voltadas à prevenção, rastreamento e tratamento do câncer entre jovens adultos. Para especialistas, é fundamental ampliar o acesso a exames, investir em campanhas educativas e adaptar os protocolos de rastreamento para incluir pacientes mais jovens em grupos de risco.
Além disso, há um apelo para que os próprios jovens estejam atentos aos sinais do corpo e busquem atendimento médico diante de sintomas persistentes. “O câncer não tem idade. Mudanças inexplicáveis no corpo devem ser levadas a sério”, alerta a médica.
Estigma e saúde mental
Outro ponto importante é o impacto emocional do diagnóstico em uma fase da vida marcada por estudos, início de carreira e formação de família. Muitos jovens enfrentam o estigma da doença, além das dificuldades sociais e financeiras associadas ao tratamento.
Conclusão
O salto de 284% nos casos de câncer em jovens adultos no SUS é um sinal claro de que é hora de mudar o olhar sobre a doença. Mais do que números, trata-se de vidas impactadas por uma condição que exige atenção, investimento e empatia por parte da sociedade e do poder público.








