O influenciador digital paraibano Hytalo Santos foi alvo de um mandado de busca e apreensão nesta quarta-feira (13), em sua residência localizada em um condomínio de luxo em João Pessoa. A ação foi determinada pelo juiz Adhailton Lacet Correia Porto, titular da 1ª Vara da Infância e Juventude, e integra uma investigação sobre a suposta exploração de menores de idade em conteúdos digitais.
Hytalo não foi localizado no imóvel no momento da operação. Agentes cumpriram o mandado judicial e apreenderam celulares, computadores e equipamentos de gravação, que, segundo o despacho, estariam sendo utilizados na produção dos conteúdos sob suspeita. Todo o material foi recolhido e será submetido à análise pericial pela Polícia Civil.
Investigação em curso
De acordo com o Ministério Público da Paraíba (MPPB), o influenciador está sendo investigado por promover eventos em sua residência, localizada na cidade de Bayeux, na Região Metropolitana da capital, com a presença de adolescentes. Segundo os relatos apurados pelo órgão, nesses encontros — supostamente realizados com frequência — menores teriam consumido bebidas alcoólicas e realizado topless, inclusive com o registro das cenas para posterior publicação em redes sociais e plataformas digitais.
Os promotores apontam que há indícios de que tais conteúdos envolviam a exposição indevida e sexualizada de adolescentes, o que configura violação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), podendo resultar em crimes como corrupção de menores, exploração sexual e aliciamento para produção de conteúdo impróprio.
Reações e próximos passos
Até o momento, Hytalo Santos não se manifestou publicamente sobre o caso. A assessoria jurídica do influenciador também não respondeu aos pedidos de esclarecimento enviados pela reportagem.
O Ministério Público informou que a investigação corre em segredo de Justiça, por envolver menores de idade, e que outras diligências estão previstas. A expectativa é de que, com a perícia nos equipamentos apreendidos, sejam obtidas provas materiais que confirmem ou refutem as denúncias iniciais.
Quem é Hytalo Santos?
Com mais de [X] mil seguidores nas redes sociais, Hytalo é conhecido por produzir conteúdos voltados ao entretenimento jovem, frequentemente exibindo festas, bastidores de eventos e estilo de vida ostentatório. A presença de adolescentes em seus vídeos já havia sido alvo de críticas, mas esta é a primeira vez que ele é formalmente investigado por envolvimento em atos ilícitos relacionados a menores.
Implicações legais
Segundo especialistas em direito da infância, caso seja comprovada a participação do influenciador em práticas de exploração de menores, ele poderá ser enquadrado nos artigos 240 e 241 do ECA, que tratam da produção e divulgação de imagens com conotação sexual envolvendo crianças e adolescentes — crimes que podem resultar em penas que variam de 4 a 8 anos de reclusão, além de multa.
Termo usado por Felca foi eficaz para sintetizar tema e pautar debate, diz juiz. “Centenas de especialistas estão falando disso há anos. Ele conseguiu sintetizar tudo com essa palavra e juntar milhares de horas de trabalho de psicólogos, juízes, advogados e promotores em um vídeo de 50 minutos”, avalia Iberê de Castro Dias, magistrado da Vara da Infância e Juventude de São Paulo.
O fenômeno antecipa etapas do desenvolvimento. “Isso acontece quando existe uma pressão para ter uma maturidade muito precoce. É como se a criança tivesse que agir, se vestir, pensar e discernir como um adulto, ou seja, antes da hora”, fala Renata Greco, psicanalista e gerente de comunicação do Instituto Liberta, organização que trabalha com a prevenção da violência sexual contra crianças e adolescentes. Para a especialista, há um descompasso entre o que é exigido delas e o que elas são capazes de lidar emocional e cognitivamente.
“As crianças estão dentro das redes sociais, elas estão inseridas e acabam imitando o que estão vendo, imitam as tendências, as danças, as maquiagens, os influenciadores, mesmo sem entender o que aquilo significa, elas só imitam. Tem um mundo por trás que tem estimulado essa adultização por meio da monetização”, disse Renata Greco, psicanalista.
Consequências desse processo podem ser “amplas e duradouras”. Favano diz que crianças submetidas a isso têm maior risco de desenvolver ansiedade severa, inseguranças com o próprio corpo, questões de autoestima, dificuldades de socialização e problemas de desempenho escolar.
Crianças adultizadas também ficam mais vulneráveis à erotização, alertam as especialistas. Greco fala que o ”maior” dos problemas é a sexualização precoce: ”Isso pode aumentar o risco de abuso, de exploração sexual e de distorção da própria imagem corporal”.
Exploração do trabalho infantil também faz parte da adultização. Dias afirma que parte de crianças e adolescentes que fazem conteúdos para a internet tem tido horários de gravação, uma quantidade de produções a entrega.
